Quando desceu para o pequeno-almoço, ontem de manhã, no hotel onde estagia a Selecção Nacional de futsal, Ricardinho foi surpreendido pela notícia na primeira página de Record e pelos comentários dos colegas. Já sabia da possibilidade de vir a ter uma oportunidade no plantel de Fernando Santos, mas não a esperava estampada. O telefone tocava sem parar e do Estádio da Luz prontamente vieram instruções para não comentar o tema – e assim desligou o telemóvel e evitou alongar-se sobre o assunto, depois, no breve contacto matinal com a imprensa, por ocasião do treino.
O Benfica desmentiu ontem, em comunicado, sequer ter sido discutida a possibilidade de Ricardinho ser testado no estágio de pré-época. O nosso jornal, contudo, apurou que o assunto esteve em cima da mesa nos últimos dias, tanto na liderança da SAD como das modalidades. Ao jogador foi transmitido que o seu sonho de criança poderia estar próximo de realizar-se e, segundo informações recolhidas, a marca de equipamentos desportivos que patrocina o atleta até já tinha uma encomenda de calçado especial para relva, necessário para os treinos no Seixal.
O Benfica, no entanto, recuou. E, apurámos, fê-lo depois de Luís Moreira, responsável pelo futsal dos encarnados, ter perguntado a Ricardinho se estaria na disposição de aceitar o desafio; fê-lo depois de Rui Águas – novo elemento na estrutura do futebol – ter recolhido informações sobre o jogador; fê-lo depois de o esquerdino ter comentado com alguns familiares que podia vir a ter a possibilidade de resolver a frustração nascida da dispensa do FC Porto.
Vingança e raiva. Foi depois de 15 dias à experiência nos iniciados dos dragões que Ricardinho acabou dispensado. “Ficou frustrado, foi o desabar de um sonho mas acabou por ser uma forma de se ligar ao futsal, por vingança, por raiva”, disse-nos Carolina Silva, treinadora que o levou às Antas. “Se calhar não o devia ter feito, na altura não se apostava tanto na formação e só pensavam em ganhar; foi dispensado por ser pequeno.”
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